BIOGRAFIA
João asceu em Cachoeira de Cebolas, povoado de Ingá do Bacamarte, Paraíba, segundo ele próprio em 23 de junho de 1880. Devido à seca de 1898, migrou para Pernambuco, radicando-se no Recife. Faleceu em Limoeiro (PE), em 1959.
Publicou o seu primeiro folheto em 1908, impresso na Tipografia Moderna: Um preto e um branco apurando qualidades. Embora seja da primeira geração dos poetas de cordel, não pertenceu ao grupo que freqüentava a Popular Editora, de Francisco das Chagas Batista.
Importância reconhecida
Sua admiração por Leandro Gomes de Barros não era correspondida. Ao contrário: por duas vezes foi destratado (na resposta ao folheto Discussão de Leandro Gomes de Barros com João Athayde e na contestação que recebeu o seu poema O marco do meio mundo). Para Ruth Terra, as respostas de Leandro, apesar de serem contraditas, revelam o seu reconhecimento da importância de Athayde. Em 1918, Athayde escreveu A pranteada morte do grande poeta Leandro Gomes de Barros.
Em 1921, adquiriu os direitos de publicação de toda a obra de Leandro e iniciou a re-publicação, inicialmente, se indicando como editor e, posteriormente, retirando a informação da autoria de Leandro.
A identificação dos folhetos acima referidos e outros, publicados antes de 1921, registra a criação poética de Athayde, não havendo dúvidas de que, além de editor, ele foi, efetivamente, um poeta da literatura popular.
Profundas mudanças
Além de Leandro, vários poetas foram editados por Athayde. É com ele que se realizam profundas mudanças: a) na relação entre os poetas e o proprietário da gráfica; b) na apresentação gráfica dos folhetos. Ele fez surgir os contratos de edição com o pagamento de direitos de propriedade intelectual, o uso de subtítulos e preâmbulos em prosa e a sujeição da criação poética ao espaço disponível, fixando-se o padrão dos folhetos pelo número de páginas em múltiplos de quatro.
João Martins de Athayde, no ano de 1949, após haver passado por um acidente vascular cerebral, se afastou da atividade de editor, vendeu a sua tipografia para José Bernardo da Silva, repassando-lhe os estoques e os direitos de edição sobre tudo o que publicou.
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Referências
▪ ATAÍDE, João Martins de. João Martins de Athayde: introdução e seleção de Mário Souto Maior. São Paulo: Hedra, 2000, 209p.
▪ ______.O trovador do Nordeste: introdução e notas de Waldemar Valente. Recife: s.e., s.d., 321p.
▪ BENJAMIN, Roberto. Folkcomunicação na sociedade contemporânea. Porto Alegre: Comissão Gaúcha de Folclore, 2004, 153p. il.
▪ TERRA, Ruth Brito Lemos. Memória de lutas: a literatura de folhetos do Nordeste (1893-1930). São Paulo: Global, 1983. 190p. il.
▪ ______. O lugar do poeta/editor João Martins de Ataíde. Recife: Fundação Joaquim Nabuco – Centro de Estudos Folclóricos, 1986. 7p. (Folclore, 169/170).
▪ VALENTE, Waldemar. João Martins de Ataíde: um depoimento. Recife, Revista pernambucana de Folclore, mai.-ago. 1976.
▪ VILA NOVA, Sebastião. João Martins de Ataíde: artista popular e enpresário urbano. Recife: Fundação Joaquim Nabuco – Centro de Estudos Folclóricos, 1985. 4p (Folclore, 162).