BIOGRAFIA
Francisco Sales Arêda, natural de Campina Grande (PB), em 1916. Transfere-se, em 1927, para Caruaru, agreste pernambucano, onde atuou como cantador de viola, fotógrafo de feira (lambe-lambe), e vendedor de folhetos.
Cantou de 1940 a 1954, quando abandonou a viola, dedicando-se, exclusivamente, à poesia de composição. Esses poetas conhecidos como poetas de bancadas ou de cordel - pessoas que escrevem folhetos rimados, tradicionalmente vendidos em feiras populares, onde são expostos dependurados em barbante.
Publicou o primeiro folheto em 1946 - O casamento e herança de Chica Pançuda com Bernardo Pelado. Como os bons poetas, percorreu várias temáticas: aventura – As presepadas de Pedro Malazartes, em que aborda a astúcia e a malandragem; cantorias, desafios e emboladas - A malassombrada peleja de Francisco Sales com o Negro Visão.
Um dos temas mais recorrentes - o romance e o conto de encantamento, com destaque para O homem da vaca e o poder da fortuna, em que aborda a preguiça, a acomodação e a fatalidade como cita nos versos:
“(...)
Além da grande pobreza
a preguiça o devorava
e quando a mulher às vezes
em trabalho lhe falava
ele todo aborrecido
dentro de casa exclamava
Trabalhar pra que mulher
pois trabalho não convém
se trabalho fosse futuro
jumento vivia bem
o que tiver de ser meu
às minhas mão inda vem.”
Este folheto foi publicado, provavelmente, em 1963, adaptado para o teatro por Ariano Suassuna, em 1973; e, Os três irmãos caçadores e o macaco da montanha. Também tratou de fatos políticos no folheto A lamentável morte do presidente Getúlio Vargas.
Sua obra é extensa passando de uma centena de títulos publicados por várias tipografias e editoras como a Folhetaria Borges, em Bezerros (PE); Art-Folheto São José, em Caruaru (PE); Luzeiro do Norte (PE); e, Luzeiro (SP). Costumava usar o acróstico FSALES no final de seus poemas. Faleceu em Caruaru (PE), na casa da filha, em 2005.